"A mais profunda Revolução da Humanidade": a luta pela abolição e independência no Haiti.

por Bruno Nascimento

Plano elaborado para 2 aulas

90 min

Aula ministrada ao 2º ano E.M. sobre o primeiro país independente da América Latina. Além do processo de combates, conflitos e negociações que duraram 12 anos, estudaremos as tensões raciais presentes na ilha durante todo o processo. Abordaremos as ligações da revolução escrava com o ideário político de sua época e a singularidade deste evento que combinou liberdade política com abolição.

CURSO: Narrativas da América: discursos e dinâmicas locais

Objetivos

Objetivo geral:

- Conhecer o processo de independência da Revolução do Haiti.

Objetivos secundários:

- Relacionar a revolução dos escravizados do Saint-Domingue (francês) ao contexto revolucionário liberal do século XVIII.

- Compreender o papel da questão racial na luta de libertação do Haiti e em seu pós-independência.

Requisitos

Projetor de 'slides', Livro do Aluno fornecido pelo PNLD, computador com sistema operacional compatível com PDF e player de vídeos, bem como caixas de som são os materiais necessários para o andamento da aula.

Sobre a temática, os alunos deveram ter estudado anteriormente os seguintes conteúdos: Iluminismo, Independência das treze colônias e Revolução Francesa.

Avaliação

Atividade em dupla:

Fundamentado no mito da democracia racial, o senso comum compartilha a ideia de que as relações entre os senhores e escravizados, no Brasil, eram "paternais". Essa ideologia faz crer, que diferente dos países que segregavam e violentamente tratavam seus cativos e negros, no Brasil se estabelecera, desde os tempos da colonização, perceptível pela miscigenação da população e da ausência de leis discriminatórias, muito em virtude de uma pretensa atitude mais amena do colonizador portugueses, relações raciais pacificadas. Em tese, os africanos escravizados aceitaram, ou contrário do índio "bravio" passivamente o cativeiro. Mas, apenas os haitianos se insurgiram com a opressão que lhes era imposta? Vocês conhece alguma revolta de escravos, ou com forte teor racial, ocorrida na América Portuguesa ou no Brasil Império?

Pesquise as rebeliões de africanos escravizados ocorridas neste contexto e como elas podem contradizer a auto-imagem brasileira de relações raciais harmoniosas.

As duplas deverão apresentar um texto final (5 a 7 parágrafos) como resultado de sua pesquisa, conforme orientação do professor.

Lista de atividades

Exposição Oral por parte do professor

5 min

Apresentação por parte do professor da Revolução do Haiti. Inicialmente os professor destacará a vitória dos escravizados, quilombolas e libertos contra tropas francesas, espanholas e inglesas. Sem citar qual o processo de independência em questão, será enfatizado a eclosão da revolta que resultou no segundo país independente da América e na primeira conquista de independência da América Latina. Buscando atrair a atenção e o interesse dos discentes, apenas na parte final da apresentação será revelado que se trata do Haiti, reconhecido superficialmente pela pobreza generalizada, mas que, não inconscientemente, teve seu processo histórico de luta pela abolição e autonomia política silenciado.


Leitura de texto em sala de aula

20 min

Leitura, de forma conjunta e livre para interrupções e apontamentos, de texto literário que narra a preparação e eclosão da revolta escrava liderada por Bouckman em 1791, em seus aspectos mais "humanos", extraída do 'O reino deste mundo', de Alejo Carpentier, pp. 53-59.


Atividade oral envolvendo a classe (perguntas/respostas/debate)

20 min

Considerando a leitura da atividade anterior, os alunos deverão encontrar, por meio do debate, conclusões para as seguinte questões: a) Qual a relação do movimento liderado por Bouckman e os ideais iluministas? b) É possível conciliar, no caso de Saint-Domingue, fatores externos e internos para a eclosão da revolução?

A intenção desta atividade é gerar confronto entre uma perspectiva que possa vir a privilegiar fatores externos e outra que equilibre fatores internos sociais (as tensões raciais) e externos políticos-ideológicos (o Iluminismo, por exemplo) que reunidos resultaram na revolução negra do Haiti.


Vídeo/Música/Imagem

15 min

Assistir ao vídeo "Revolução do Haiti" e debater a seguinte afirmação: "A Revolução Haitiana é provavelmente a mais profunda revolução já realizada por Seres Humanos". Após as conclusões que possam advir do debate, o professor fará considerações iniciais sobre as razões do estabelecimento da "quarentena" ao novo país e as imposições colocadas a nação haitiana como o pagamento de indenização para reconhecimento de sua independência pela França, citadas no vídeo, e do fenômeno conhecido como "haitianismo".

Atividade a ser realizada em casa pelos alunos (lição de casa)

30 min

Aos alunos será solicitado que realizem a leitura do Livro do Aluno (VAIFAS, 2014, p. 305-07) com o objetivo de fazer considerações sobre como o livro didático aborda alguns pontos como: as questões raciais candente da sociedade de Saint-Domingue pré-revolucionária e a luta convergente por independência e abolição. A leitura das curtas biografias de Toussaint-Louverture e de Henri Cristopher, presentes no livro, poderá servir de base para a conscientização do esquecimento ao que foi relegado Louverture, principalmente se comparado aos pais de pátria norte-americana, aos protagonistas da Revolução Francesa e aos considerados libertadores da América.


Referências

CARPENTIER, Alejo. O reino deste mundo. Tradução de Marcelo Tápia. São Paulo: Martins Fontes - selo Martins, 2009.

JAMES, C. L. R. Os jacobinos negros. Tradução de Afonso Teixeira Filho. São Paulo: Boitempo editorial, 2000.

POMER, Leon. As independências da América Latina. São Paulo: editora brasiliense, 1982. 11ª ed. p.50-56.

VAINFAS, Ronaldo et al. História. São Paulo: Saraiva, 2014. v. único. p. 305-06.