A HISTÓRIA DO BRASIL AO SOM DA MÚSICA CAIPIRA/SERTANEJA

Como uma espécie de introdução da aula, discutir brevemente com os alunos sobre como as canções populares podem ser utilizadas como objeto de estudo por parte do historiador, de modo a estimular os estudantes a refletirem sobre as relações entre História e Música. Neste momento, serão apresentadas algumas orientações de caráter metodológico sobre o uso de canções populares como fontes históricas, tais como: a) analisar a trajetória dos compositores e dos intérpretes; b) observar os aspectos formais das canções, como o ritmo, a melodia, a harmonia e a voz; c) analisar o conteúdo das letras das canções; d) relacionar as canções com o contexto de produção das mesmas.

Discutir com os alunos a respeito de alguns aspectos históricos da música caipira/sertaneja. Debater com os alunos sobre o que eles entendem como "caipira" e "sertanejo". Pedir aos alunos para que eles citem alguns exemplos de canções caipiras/sertanejas que eles conheçam.

Execução e análise da canção "Jorginho do Sertão" (1929), oriunda do folclore paulista, adaptada por Cornélio Pires e interpretada pela dupla Mariano & Caçula. Por meio desta canção, será discutido com os alunos sobre as origens da música caipira/sertaneja, com destaque para o papel desempenhado por Cornélio Pires no processo de difusão da música caipira/sertaneja a partir do final da década de 1920.

Execução e análise da canção "Moda da mula preta" (1945), de Raul Torres, interpretada pela dupla Raul Torres & Florêncio. Por meio desta canção será discutido com os alunos sobre as relações da música caipira/sertaneja com o meio rural e o papel desempenhado por Raul Torres na história da música caipira/sertaneja.

Execução e análise da canção "Cabocla Tereza" (1944), de Raul Torres e João Pacífico, interpretada pela dupla Raul Torres & Florêncio. Por meio desta canção será discutido com os alunos sobre como a música caipira/sertaneja pode ser uma fonte histórica que nos ajuda a perceber a presença do machismo na sociedade brasileira.

Execução e análise da canção "A grande esperança" (1965), de Francisco Lázaro e Goiá, interpretada pela dupla Zilo & Zalo. Por meio desta canção (lançada no início da Ditadura Militar) será discutido com os alunos sobre como a música caipira/sertaneja pode ser usada como uma ferramenta para a crítica política e a defesa de transformações na sociedade.

Execução e análise da canção "Caboclo na cidade" (1982), de Nhô Chico e Dino Franco, interpretada pela dupla Dino Franco e Mouraí. Por meio desta canção será discutido com os alunos sobre como o recente processo de urbanização ocorrido no Brasil foi representado na música caipira/sertaneja.

Execução e análise da canção "É o amor" (1991), de Zezé Di Camargo, interpretada pela dupla Zezé Di Camargo & Luciano. Por meio desta canção será discutido com os alunos sobre as transformações formais e temáticas ocorridas no universo da música caipira/sertaneja nas últimas décadas do século XX, quando os temas ligados à vida no campo foram dando lugar a temas de caráter romântico e urbano.

Execução e análise da canção "Camaro Amarelo" (2012), de Marcia Araujo, Thiago Machado, Bruno Caliman e Marco Aurelio, interpretada pela dupla Munhoz & Mariano. Por meio desta canção será discutido com os alunos sobre a ascensão do chamado "sertanejo universitário" no início do século XXI, espécie de novo gênero musical surgido a partir de uma série de transformações na música caipira/sertaneja. A partir de "Camaro Amarelo" será discutido também as particularidades estéticas do "sertanejo universitário", bem como seus eixos temáticos recorrentes, tais como a vida dos jovens na cidade contemporânea e o apelo ao consumismo.

Execução e análise da canção "Alô Porteiro" (2015), de Di Sousa, Adriano Bernardes e Carlos Pity, interpretada por Marília Mendonça. Por meio desta canção, será discutido com os alunos sobre o crescimento da presença feminina no universo da música caipira/sertaneja, sobretudo no campo do "sertanejo universitário". Neste momento, será possível debater sobre como a música caipira/sertaneja não ficou imune às recentes discussões sobre o papel da mulher na sociedade e a questão do feminismo.

Considerações finais do professor sobre o tema da aula. A partir das canções executadas e analisadas anteriormente, nesta parte da aula serão abordadas algumas questões em torno de como a música caipira/sertaneja passou por transformações estéticas e temáticas ao longo das últimas décadas, e de como tais transformações estão relacionadas com as próprias mudanças ocorridas no Brasil no século XX e no início do século XXI. Ao final, será feita a apresentação do questionário aos alunos.