Cara de Índio

Os alunos deverão ouvir a canção "Cara de Índio", de Djavan, interpretada por ele mesmo, sem a letra, uma primeira vez. O professor apresentará as seguintes questões para a turma: Quem pode ser chamado de cara pálida? Por quê? Quem não é cara pálida, quem é cara pálida? Aqui na sala, na escola, no bairro, na nossa cidade, nos país? Depois dessa discussão inicial, passamos a uma segunda audição da canção, desta vez com a letra projetada.

Os alunos receberão uma folha de papel com a letra de "Cara de Índio" impressa, para acompanhar a leitura em voz alta, pelo professor, da letra de "Cara de Índio".

A partir da leitura, o professor proporá a seguinte atividade: os alunos deverão, sentados em grupos de quatro, recortar da folha de papel os versos da música e, depois, colá-los em seus cadernos em nova ordem, criando um novo texto a partir daí (cada aluno deverá compor o seu, embora a proposta seja que o faça de forma lúdica, dialogando com todos do seu grupo). Com isso, espera-se que os alunos reflitam sobre os sentidos que os versos vão tecendo ao se combinarem, na versão de Djavan e nas suas, de maneira a construírem sentidos possíveis para a letra da música. Os alunos de cada grupo deverão conversar sobre suas hipóteses para a remontagem da letra, e escolher a versão de que mais gostaram, entre eles. Finda a atividade por parte dos alunos, um aluno de cada grupo deverá ler o textos que o grupo escolheu, dentre os seus, para a sala.

(Obs.: a professora passará em todos os grupos, conversando, orientando, e verificando se cada aluno está compondo sua versão no caderno)

O professor deverá projetar a letra de "Cara de índio" do arquivo em anexo, em que os versos se encontram pintados de três cores diferentes.

As cores simbolizam três vozes diferentes na canção: versos em verde, para o tom afirmativo para a cultura indígena e sua preservação - poderia ser a voz de um índio; em amarelo, para o tom de questionamento e crítica a respeito do tratamento do homem branco europeu, e inclusive da sociedade brasileira atual, às questões indígenas - a voz do eu-lírico que questiona a "ingenuidade" do índio; por fim, o azul, apenas nos dois versos finais e no título da canção, para a última voz, conclusiva, que inclui o próprio eu-lírico e todos que ouvem a canção na condição de índio ou de indivíduo de grupo minoritário ou marginalizado na sociedade.

O professor deverá orientar os alunos para lerem a letra em forma de diálogo, em que um aluno declamará os versos em verde e outro aluno diferente deverá responder sequencialmente com os versos em amarelo, seguindo a ordem natural da canção. Todos os demais alunos da sala serão orientados a lerem as partes em azul (título e versos finais).

Após essa leitura, que poderá ser feita mais de uma vez, a primeira vez constituindo um ensaio e, as demais, com os alunos que tiverem vontade de "interpretar" as falas.

Entre uma e outra dessas leituras "dramatizadas", o professor irá questionando a respeito das declamações: quais versos/falas podem ser perguntas, como "Isso pode demorar?" "Terra de índio?"; as falas dos versos em amarelo são as respostas às questões? Se sim, quem pode dar esse tipo de respostas? Um homem branco? Um índio? Um negro? Um europeu? Um brasileiro? E ainda, se tais respostas podem ser vistas como pejorativas, ou afirmativas da cultura indígena; quais as intenções, interesses, visões por trás de tais "respostas" Por fim, depois da última leitura dramatizada, o professor chamará atenção os últimos versos, em azul "Apesar da minha roupa,/também sou índio", para promover um debate na sala: quem pode se considerar índio? Quem é índio? Quem é branco? O que define sua "categorização" ou identidade? A partir da letra da música, quem na sala se julgaria em parte ou totalmente índio? Ou descendente? Quem é descendente de quê?

Os alunos assistirão ao vídeo "Índios Somos Nós".

Esse documentário é uma produção da TV Brasil realizada durante a primeira edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, na cidade de Palmas (2015). O filme revela a realidade de alguns povos que vivem no Brasil, a partir da perspectiva dos próprios indígenas.(Os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas é evento internacional multiesportivo, que reúne atletas representantes de povos indígenas de diversos países.)

O professor, imediatamente antes da exibição, pedirá aos alunos para observarem a "materialidade" da cultura indígena que verão no filme: as pinturas, os adornos como cocares e colares, brincos, os instrumentos musicais, as línguas, as danças, cantos, formas de subsistência, etc.

Ao fim da exibição os alunos podem comentar ou anotar coisas de que mais gostaram, seja para conhecerem melhor ou se aprofundarem na questão, seja para trabalho final (texto).

O professor fará uma exposição breve sobre a distribuição dos povos indígenas no Brasil, no século XVI e nos anos 2000. Poderá contar com texto de apoio do livro didático da série, mas a ideia é que as informações sejam passadas em forma de diálogo, evocando materialidades vistas no vídeo para discorrer sobre a distribuição dos povos; e "conversando" com a letra da canção de Djavan para falar de alteridade, da inserção das culturas, etc. Como o professor estará falando de permanências e transformações no tempo, aproveitará para, no final, mostrar que as canções também têm as "roupagens" mudadas no tempo, com interpretações e arranjos diferentes. Para isso, mostrará aos alunos, desta vez, a canção "Cara de Índio" interpretada por Monica Salmaso (1999).

Após a exposição do professor, os alunos serão encaminhados para o laboratório de informática a fim de sob a orientação do professor visitarem o site do IBGE na seção Indígenas. Depois, podem visitar, a página da EBC onde se ancora o documentário assistido anteriormente, "Índios somos Nós". Além de observarem mapas de distribuição da população indígena, eles deverão ser orientados a fazerem pesquisas sobre o que lhes interessou mais a respeito das culturas indígenas, anotando em seus cadernos tudo o que acharem pertinente, sob a orientação do professor, que "passeará" entre os alunos.

Obs.: Se a escola não dispuser de uma sala de informática, mas tiver o kit Multimídia, o professor poderá projetar o site em telão, e então o próprio professor navegará entre setores do site, lendo e comentando. Porém, a falta do laboratório de informática terá empobrecido a aula, no que diz respeito à experiência do alunos de exploração na pesquisa possibilitada pela internet.

A partir de todas as anotações feitas pelos alunos, bem como de suas impressões ao longo das atividades, os alunos deverão produzir, individualmente, na sala de aula, pequeno texto de dois parágrafos a respeito do que, sob o ponto de vista do aluno, mais perdura da cultura das diferentes tribos na sua própria cultura. O texto deverá ser entregue ao professor e consistirá na avaliação final da aprendizagem do assunto.