Migração nordestina do século XX: representações nordestinas no repertório de Maria Bethânia

por Antônio Pinho

Plano elaborado para 2 aulas

90 min

Aula preparada para turmas de 3° ano do Ensino Médio. A aula tem como tema: Migração nordestina do século XX: representações nordestinas no repertório de Maria Bethânia. Os conteúdos ministrados visam desnaturalizar as ideias dos estudantes sobre o nordeste e os nordestinos por meio da canção popular e da empatia que por ela pode ser evocada.

CURSO: A Canção Popular no Ensino de História

Objetivos

Objetivo Geral:Identificar na musica popular brasileira, mais especificamente no repertório de Maria Betânia, representações histórico-sociais acerca dos problemas enfrentados pelos nordestinos na primeira metade do século XX devido ao êxodo dos seus estados natais em direção ao centro-sul do país. Desta maneira, o plano de aula busca evidenciar os desafios/problemas da migração brasileira.

Objetivos específicos:

Identificar nas canções problemas de adaptação dos nordestinos aos grandes centros;

Historicizar canções e performance das versões utilizadas na aula;

Observar o nordeste, representado na música popular, como um espaço de saudade, por quem o deixou e como o espaço da seca e escassez;

Compreender a primeira metade do século XX como um dos momentos de maior migração brasileira e os seus motivos;

Requisitos

Para essa aula será necessário:Quadro branco,pincéis, data show, computador, caixa de som e folha branca.

Avaliação

O estudantes serão avaliados por meio de suas participações orais, por meio de sua participação em grupo, na escrita das interpretações das canções e do compartilhamento das impressões acerca das canções.

Lista de atividades

Atividade oral envolvendo a classe (perguntas/respostas/debate)

15 min

A aula iniciará com canção Carcará, busca-se tratar e dar dimensão, por meio dos dados que estão na letra, do alto índice de migração brasileira e do êxodo nordestino. A Música traz aspectos que evocam a força da população nordestina em relações às dificuldades desse processo, e os compara ao carcará, ave típica de regiões secas. Cabe pensarmos aspectos instrumentais e de performance da versão utilizada(A seriedade e o peso da canção que a intérprete demonstra ter).

Exposição Oral por parte do professor

10 min

•Os dados da canção Carcará deverão ser anotados no quadro, neste momento, cabe ao professor historicizar a música (evidenciado o cunho político e o momento em que foi cantada no Teatro Opinião)


Atividade oral envolvendo a classe (perguntas/respostas/debate)

25 min

Utilizar, nesse momento, as canções: Viola meu Bem, Viola, Lamento sertanejo/vira mundo e Marinheiro só. Essas canções tratam do nordestino e as suas representações na grande cidade, evocam a saudade e a inadequação aos costumes metropolitanos. Cabe ao professor provocar empatia na turma ao tratar as agruras das péssimas condições dos trabalhadores, buscando ouvir as opiniões dos estudantes em relação às canções. Convém utilizar como apoio o textos de Ângela de Castro Gomes e Claudio Batalha, ambos tratam das migrações brasileiras a partir da primeira república. Os textos constaram nas referências.

Seminário em grupo (alunos)

20 min

Nesse momento, a turma será dividida em 3 grupos, cada grupo ficará responsável por interpretar uma canção e apresentá-la à luz das primeiras discussões e temas da aula.

Em uma folha branca, cada grupo deverá escrever suas impressões sobre a canção e possíveis discussões/inquietações que a canção trouxe a eles. Caberá ao professor selecionar as canções que cada grupo ficará responsável, como também fazer uma justa divisão da turma em 3 grupos. O professor não deve ajudar, nesse primeiro momento, os grupos, pois no momento seguinte o professor ouvirá os grupos e fará suas intervenções com base na historiografia e no seu conhecimento das canções. O cumprimento do tempo deve ser seguido, pois é interessante perceber o que eles podem inferir das canções em tão pouco tempo.

Atividade oral envolvendo a classe (perguntas/respostas/debate)

20 min

Nesse momento a turma retornará às interpretações das canções de cada grupo para discuti-las. Busca-se desnaturalizar preconceitos sobre o nordeste os nordestinos, entender o nordeste como uma construção política que busca atender necessidades de cada época e aproximar os estudantes da realidade dos emigrantes. Para esse momento teremos como apoio o livro: A invenção do nordeste e outras artes, de Durval Muniz. Evidencia-se, nesse momento, representações de um nordestino que resiste apesar que qualquer problema. Vale valorizar as culturas presentes no nordeste e as dificuldades enfrentadas ainda hoje no que se refere a fome e à seca.


Referências

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. A invenção do nordeste e outras artes. Recife: FJN, Ed. Massangana; São Paulo: Cortez, 1999.

BATALHA, Cláudio. Formação da Classe operária e projetos de identidade coletiva. IN FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. (orgs.) O Brasil republicano: o tempo do liberalismo excludente: da proclamação da república à Revolução de 1930. 10. Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018. Pp. 215-272.

OLIVEIRA, Lucia Lippi. “A conquista do espaço: sertão e fronteira no pensamento

brasileiro”. História, Ciência, Saúde – Manguinhos. Rio de Janeiro, v. V, jul. 1998, p. 195-

215.

OLIVEIRA, Lucia Lippi. Política Nacional de Cultura: dois momentos em análise – 1975 e 2005. In: GOMES, Ângela de Castro (Org.). Direitos e cidadania: memória, cultura, patrimônio. Rio de Janeiro: FGV, (no prelo).