Curumim chama cunhatã que eu vou contar. Representações dos povos indígenas nas canções populares

por CLEITON MELO JONES

Plano elaborado para 3 aulas

150 min

A aula é destinada aos alunos do 8º e do 9º anos do Ensino Fundamental. A proposta dessa sequência didática é identificar e analisar, nas canções populares produzidas no Brasil nas últimas décadas, as representações construídas sobre os povos indígenas a partir de repertórios culturais externos a esses povos e comparar essas visões a outras do que é ser indígena pela voz dos próprios indígenas.

CURSO: A Canção Popular no Ensino de História

Objetivos

Analisar as representações construídas sobre os povos indígenas nas canções populares brasileiras nas últimas décadas do século XX.

Identificar as representações construídas sobre os povos indígenas em obras historiográficas.

Conhecer as representações sobre os povos indígenas a partir dos discursos dos próprios indígenas.

Comparar e relacionar os diferentes tipos de representações sobre os indígenas nas fontes utilizadas em sala de aula.

Os objetivos construídos para a presente sequência didática pretendem dialogar com as seguintes habilidades propostas pela BNCC para o oitavo e nono anos:

(EF08HI14) Discutir a noção da tutela dos grupos indígenas e a participação dos negros na sociedade brasileira do final do período colonial, identificando permanências na forma de preconceitos, estereótipos e violências sobre as populações indígenas e negras no Brasil e nas Américas.

(EF08HI21) Identificar e analisar as políticas oficiais com relação ao indígena durante o Império.

(EF08HI27) Identificar as tensões e os significados dos discursos civilizatórios, avaliando seus impactos negativos para os povos indígenas originários e as populações negras nas Américas.

(EF09HI07) Identificar e explicar, em meio a lógicas de inclusão e exclusão, as pautas dos povos indígenas, no contexto republicano (até 1964), e das populações afrodescendentes.

(EF09HI21) Identificar e relacionar as demandas indígenas e quilombolas como forma de contestação ao modelo desenvolvimentista da ditadura.

Requisitos

3 aulas de 50 minutos;

Pincel;

Quadro branco;

Projetor;

Notebook;

Caixa de som;

Tablets e/ou celulares;

Materiais impressos (cartazes, letras das canções e textos).

Avaliação

Painel coletivo no formato (Eu pensava que... Agora eu penso que...);

Registro individual com análise das canções (Diário de bordo);

Apresentação oral das equipes (seminário em grupo).

Lista de atividades

Exposição Oral por parte do professor

20 min

Na primeira aula faremos uma abertura explicando brevemente todas as etapas da sequência didática e todas as atividades relacionadas ao tema. Em seguida, através de uma tempestade de ideias, registraremos as opiniões da turma para a seguinte questão: o que significa ser índio no Brasil? Preencheremos a primeira parte do cartaz com o formato (Eu pensava que...).

Vídeo/Música/Imagem

40 min

Nesse segundo momento os alunos serão divididos em quatro grupos. A sala será organizada em ilhas para fazermos uma rotação por estações. Cada grupo terá 8 minutos por estação para ouvir a canção, ler e fazer uma primeira análise da letra. Para cada estação disponibilizaremos um tablet com fones de ouvido para a escuta da canção e cópias das letras. Também estará disponível os links, via Whatssapp, para os alunos que quiserem usar seus celulares para ouvir as canções e ler as letras. Ao todo serão quatro canções analisadas. Em cada estação os alunos deverão analisar a canção e debater em equipe. Para isso estará disponível um breve roteiro de auxílio a análise das canções. Após a discussão em equipe deverão registrar no Diário de bordo suas primeiras impressões sobre a canção, a música e a letra.

Leitura de texto em sala de aula

30 min

Em pares, ainda nas equipes, os alunos receberão uma cópia impressa do texto da apresentação de Daniel Munduruku na bienal de São Paulo, para identificar e analisar, a partir do ponto de vista de um autor indígena, seus valores, seus pensamentos, seus ideais de vida e civilização, de trabalho e de produção econômica. Comparar essa visão àquelas representações dos povos indígenas nas quatro canções trabalhadas antes.

Vídeo/Música/Imagem

10 min

Para fechar o primeiro dia de aula (100 minutos) retomaremos algumas questões apresentadas e veremos um vídeo com o histórico pronunciamento de Ailton Krenak, representante do Movimento Indígena, na Assembleia Nacional Constituinte, em 04 de setembro de 1987. Nesse discurso Krenak traz para o debate político a necessidade de considerar na construção da nova Constituição nacional a diversidade dos povos indígenas e o respeito às suas tradições. costumes e línguas. Esse discurso foi fundamental para a aprovação dos artigos 231 e 232 da Constituição de 1988. [Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.]

Atividade a ser realizada em casa pelos alunos (lição de casa)

25 min

Os alunos deverão assistir ao vídeo e ler os textos sobre os povos indígenas (tupinambás), um historiográfico e outro político, produzido por uma líder indígena tupinambá. As ideias apresentadas sobre os indígenas no vídeo e no texto deverão servir para comparar àquelas presentes nas canções. Após, os alunos deverão reavaliar os escritos produzidos em sala e sistematizar as ideias e análise sobre as visões sobre os índios nas canções.

Seminário em grupo (alunos)

20 min

Cada uma das quatro equipes (as mesmas da rotação por estações) deverá fazer uma apresentação oral de até cinco minutos sobre a última canção ouvida na primeira aula. O objetivo dessa tarefa é socializar o resultado da análise que fizeram com a turma, as visões/representações dos povos indígenas que podemos apreender a partir daquela canção.


Produção escrita individual (alunos)

5 min

Para finalizar retomamos a questão proposta na abertura da sequencia didática: o que significa ser índio no Brasil? e os alunos deverão registrar na segunda parte do cartaz (Agora eu penso que...) as ideias que desenvolveram após as atividades ao longo das três aulas. Esta atividade servirá como parte da avaliação para perceber a capacidade reflexiva do aluno e até que ponto conseguimos alcançar os os objetivos propostos.


Referências

BARROS, José D’Assunção. “Música indígena brasileira – filtragens e apropriações históricas.” Revista Proj. História, São Paulo (32), p. 153-169, jun. 2006.

MUNDURUKU, Daniel. O ato indígena de educar(se). Transcrição de encontro realizado em 5 de julho de 2016 na 32ª Bienal de São Paulo. Disponível em: http://bienal.org.br/post/3364. Acesso em 01 dez. 2019.

OLIVEIRA, João Pacheco de. Os indígenas na fundação da colônia: uma abordagem crítica. In: FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima. O Brasil colonial: 1443-1580. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. v. 1. p. 194-195.

PROFICE, Christiana Cabicieri; SANTOS, Gabriel Moreira; ALMEIDA, Nathane Matos; As brincadeiras entre crianças tupinambá de Olivença: tradições passadas por gerações. Zero-a-seis, Florianópolis., v. 16, n. 30, p. 264, jul./dez. 2014. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/zeroseis/article/view/1980-4512.2014n30p59. Acesso em 01 dez. 2019.

TUPINAMBÁ, Kaluanã. Índios on-line, ago. 2012. Disponível em: https://www.indiosonline.net/ha-historia-do-povo-tupinamba-de-olivenca-que-nao-esta-nos-livros/. Acesso em 01 dez. 2019.