A Ditadura Civil-Militar através da análise da Canção Popular
140 min
O objetivo da aula é abordar o contexto de repressão e censura, mas também de resistência e engajamento, no período da Ditadura Civil-Militar no Brasil (1964-1985) através das análises das canções populares. As canções populares nos aproximam no período através de um viés interessante e significativo para o/a aluno/a.
CURSO: A Canção Popular no Ensino de História
Objetivos
_ Refletir sobre a censura e a repressão no período da Ditadura Civil-Militar analisando as canções populares selecionadas.
_ Compreender a importância das canções de protesto no processo de resistência à ditadura;
_ Desenvolver a escuta, buscando compreender a geografia das canções;
_ Cantar e "sentir" as canções selecionadas que abordam temas da Ditadura Civil-Militar;
- Conhecer alguns dos principais compositores e intérpretes do período.
Requisitos
- Projetor multimídia;
- Caixa de som de boa qualidade;
-Cópias das letras de músicas utilizadas na aula;
- Violão.
Avaliação
A avaliação será contínua e observará a participação, interesse e engajamento nos debates propostos em sala de aula. Também será avaliado o conteúdo e a apresentação das pesquisas sobre as canções selecionadas e seus autores.
Lista de atividades
Outro tipo de produção (cartazes, produção de desenhos a mão livre)
30 min
Nossa aula começará com a escuta de uma Canção Popular, cuja letra será entregue aos alunos. A canção escolhida para dar início às atividades é "Apresar de Você", de Chico Buarque de Holanda. O objetivo inicial é analisar a letra da canção dentro da conjuntura política da Ditadura Civil-Militar no Brasil, destacando aspectos centrais do conceito de "Ditadura Civil-Militar" (período em que ocorreu, presidentes, autoritarismo, censura, repressão, tortura, resistência, entre outros). Após o esclarecimento sobre o conceito, voltamos à letra da música destacando os seguintes versos que se relacionam com o que foi discutido:
"Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão...."
Também deve ser destacado os versos:
"Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia"
Neles é possível notar a resistência de parte da sociedade, desejando e se engajando para que o período ditatorial terminasse.
Em seguida, escutamos novamente e cantamos a canção com a turma.
Vídeo/Música/Imagem
40 min
Apresentado o conceito de "Ditadura Civil-Militar", através da análise da letra "Apesar de você", o/ a professor/a aprofundará as temáticas da repressão e censura sofridas por artistas, estudantes e políticos do período, bem como os temas de resistência desses grupos diante do autoritarismo do governo. O/a professor/a entregará as letras das músicas para os alunos e, depois da audição de cada uma, será realizado um pequeno debate.
Para abordar as temáticas foram escolhidas as seguintes canções:
A Banda - Interpretada por Nara Leão - Na canção é possível identificar o desejo das pessoas de acordarem livres, "vendo a banda passar, contando coisas de amor". O desejo de que a ditadura terminasse, que o riso voltasse aos rostos. Desejos que demoraram 21 anos para se realizarem.
Cálice - Interpretado por Chico Buarque e Milton Nascimento - Na canção, cheia de duplos sentidos, a palavra "Cálice" faz menção a "calar-se", denunciando os abusos contra a liberdade de expressão por parte do governo, ao mesmo tempo, insinua que os ditadores também deviam se calar, deixando de ditar ordens repressão, tortura, censura. O "vinho tinto de sangue" revela todas as torturas e mortes de pessoas consideradas "inimigas" do governo que estavam ocorrendo naquele momento.
Alegria, alegria - Interpretada por Caetano Veloso - A canção reflete uma juventude que conviveu com "crimes, espaçonaves, guerrilhas", mas que não perdeu a vontade de ser livre, de amar e lutar por um futuro melhor.
"Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não? Por que não?"
Roda Viva - Interpretada por Chico Buarque - Fica evidente o desejo das pessoas de ter "Voz ativa" e ser dona do próprio destino, mas a "Roda Viva" empurra esse sonho pra longe. A ditadura impossibilitava a geração de ser livre, mas nem por isso ela deixou de ir "contra a corrente até não poder resistir".
Pra não dizer que não falei de flores - interpretada por Geraldo Vandré - A canção se tornou um hino de resistência e convidava as pessoas a se unir, agir e lutar por dias mais livres e democráticos.
Eu quero é Botar Meu Bloco na Rua - Interpretada por Sérgio Sampaio - A música também expressa o desejo de "Botar o Bloco na Rua", de se expressar livremente, de celebrar a democracia.
Pesquisa em sala de aula (internet)
30 min
Após o debate sobre repressão, censura e resistência no período da Ditadura Civil-Militar, os alunos realizarão uma breve pesquisa na internet, utilizando seus aparelhos celulares ou computadores da escola, buscando a biografia dos artistas mencionados nas canções anteriores. A turma será dividida em 6 grupos e ficará responsável por apresentar um artista ( Nara Leão, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Chico Buarque, Geraldo Vandré e Sérgio Sampaio). O grupo também pesquisará alguma outra canção de protesto ou que foi censurada pela Ditadura Civil-Militar para apresentar à turma, sem esquecer de pesquisar o artista correspondente.
O/a professor/a deverá orientar que o uso do celular é exclusivo para a realização da pesquisa e deverá monitorar que todos/as estejam realmente fazendo as buscas solicitadas.
Outro tipo de atividade em sala de aula (expressão corporal: dramatização, "peças de teatro", musicalização, danças)
40 min
Depois de apresentar a pesquisa sobre os artistas das canções estudadas e outras músicas de protesto ou que foram censuradas pela Ditadura Civil-Militar os alunos escolherão algumas músicas para que sejam interpretadas por um músico, que pode ser, inclusive, um/a aluno/a ou o/a professor/a, se tiverem esse talento. A ideia é que, conhecendo as histórias das canções e o período histórico em que se situam, os alunos ouçam, cantem e interpretem a geografia de cada canção, tornando o aprendizado significativo, dinâmico e atraente.
Referências
PINHEIRO, Manu. Cale-se: a MPB e a Ditadura Militar. Livros Ilimitados: Rio de Janeiro, 2011.