Estudante moradora de assentamento do MST é finalista da Olimpíada de História

De volta à lista

Em 16/08/18, por Assessoria de ImprensaONHB10

A estudante gaúcha Julia Kaiane Prates da Silva, de 18 anos, sairá pela primeira vez do Rio Grande do Sul para participar da final da 10ª Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB), que ocorre na Unicamp, em Campinas-SP, no próximo final de semana, 18 e 19 de agosto. Nascida e criada em área rural, a família de Julia vive hoje no assentamento São Virgílio, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), localizado na cidade de Herval-RS.

Para poder estudar, a aluna do 3º ano do Ensino Médio passa a semana no internato da própria escola, o Instituto Federal Sul Riograndense – Campus Visconde da Graça, em Pelotas, com uma bolsa oferecida pelo governo federal. Como muitos outros estudantes de famílias que vivem em áreas rurais distantes de boas escolas, Julia permanece no internato de segunda a sexta-feira, quando volta para o encontro da família que vive a 200 quilômetros de distância. “Esta é oportunidade que temos de estudar. Não teria condições de pagar um apartamento, por exemplo. No internato, não pagamos a moradia e refeições. Temos ajuda de custo com as passagens de ida e volta para as nossas casas”, conta.

A família da estudante vive no assentamento há 12 anos, quando a mãe conquistou um pedaço de terra no local. Hoje, o sustento da família – composta pela mãe, padrasto e mais dois irmãos de 1 e 13 anos – vem do trabalho na agricultura com plantação de milho, soja e feijão. “Há muito preconceito hoje no Brasil com as famílias assentadas pelo MST. Mas poucos conhecem o esforço e trabalho realizado por essas pessoas. Vejo como uma luta digna, num país com tanta terra inutilizada e tanta gente sem terra”, afirma a estudante.

Para vir a Campinas, a estudante e o restante da equipe – as alunas Vitória Camargo e Camila Porto das Neves e o professor Deomar Villagra Neto – receberam auxílio da coordenação da Olimpíada. São disponibilizadas ajuda de custo para as cinco equipes de escolas públicas com mais alta pontuação em cada região do país (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste).

A equipe, que ganhou o nome de “Lutzenberger”, participa pela primeira vez da competição que conta com seis fases online e a final presencial. “Eu participo há várias edições e digo que este é um projeto incrível. Além do acesso a conteúdo e informações, permite contato com os alunos que nem sempre é possível no dia a dia”, afirma o professor.

O trabalho em equipe também foi fundamental para que os participantes chegassem à final. Com fases online que duram uma semana cada, as estudantes tiveram que revezar, pois ao voltar para casa Julia não tinha acesso à internet. “Eu procurava responder as questões junto com o restante da equipe o máximo possível durante a semana, enquanto ainda estava na escola”,  conta.

Para a coordenadora da ONHB, Cristina Meneguello, a final da Olimpíada é uma grande oportunidade para que professores e alunos de todo o país possam compartilhar experiências. “É uma oportunidade dessas equipes conheceram uma universidade importante como a Unicamp. Muitos alunos e professores nunca saíram de seus estados. É uma experiência muito marcante para todos”, disse.

Sobre a Olimpíada

A Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) é um projeto realizado pelo Departamento de História da Unicamp. É composta por seis fases de provas realizadas de forma online, com duração de uma semana cada. As questões de múltipla escolha e realização de tarefas são respondidas pelos participantes por meio de debate, pesquisa em livros, internet e orientação do professor. A final prevê a realização de uma prova dissertativa no sábado (18) e uma cerimônia de premiação no domingo com entrega de 15 medalhas de ouro, 25 de prata e 35 de bronze, além de medalhas de honra ao mérito. Ao todo, estarão na final 1,2 mil alunos de todo o Brasil. O método, totalmente inovador, tem como principal objetivo incentivar o desenvolvimento da análise crítica e discussões sobre os mais variados assuntos, por meio de pesquisa e análise de textos, imagens e mapas. Dessa forma, a ONHB consolida-se como uma importante ferramenta de aprendizado do ensino de História. O projeto tem apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTic), do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e do Programa de Pós-Graduação em História da Unicamp.

Serviço:

Prova: dia 18/08, das 9h às 12h

Local: Prédio Básico II – Unicamp. Rua Sérgio Buarque de Holanda, 290. Cidade Universitária Zeferino Vaz.

Premiação: dia 19/8, das 8h às 13h

Local: Ginásio Multidisciplinar da Unicamp. Rua Elis Regina, Cidade Universitária Zeferino Vaz.

 

Conheça mais sobre a ONHB

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Estudante Julia, de 18 anos. Foto: arquivo pessoal

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