Instituto de Cegos Padre Chico, na cidade de São Paulo, recebeu visita da coordenação da ONHB que buscou alternativas para promover a acessibilidade nas últimas edições
Um pedido diferente na caixa de e-mails e cinco minutos de pânico. Foi assim que a coordenadora associada da Olimpíada Nacional em História do Brasil, Leca Pedro, descreveu o primeiro contato do professor Daniel Marques Giandoso, do Instituto de Cegos Padre Chico, em São Paulo-SP, com a ONHB em 2015.
Com alunos deficientes visuais e de baixa visão interessados em participar da competição, o professor de História buscava uma maneira de promover o acesso desses estudantes à prova – realizada em cinco fases em formato totalmente online.
Até então, nenhuma demanda como esta havia chegado até a ONHB. “Foram cinco minutos em que fiquei paralisada sem saber o que fazer. Em seguida, iniciamos um diálogo permanente com o professor Daniel, que nos orientou como poderíamos realizar a adequação”, conta Leca.
A coordenação da ONHB entrou em contato com diversas empresas que pudessem prestar serviço para viabilizar a prova em braile aos alunos. Mas nenhuma se disponibilizou a atende-los.
Foi então que, junto com o professor, a ONHB criou um mecanismo próprio para promover a participação das equipes. Há duas edições, assim que as fases começam, a coordenação da olimpíada encaminha a prova em formato recomendado e a própria escola faz a impressão em braile. Em 2015, a escola participou da ONHB com duas equipes e, em 2016, com três. As equipes são compostas por videntes, deficientes visuais e jovens com baixa visão.
No último dia 23 de março, a coordenação da ONHB esteva na escola para fazer a entrega de medalhas de honra ao mérito às equipes participantes. Em uma breve cerimônia que contou com a participação dos demais alunos, foram entregues certificados e as medalhas com inscrições em braile.
“Nós buscamos formas de promover da melhor forma possível o acesso a esses alunos, mas temos a certeza que podemos fazer muito mais e estamos dispostos a isso. Para a ONHB é um orgulho tê-los como participantes. Por isso, as medalhas que entregamos pessoalmente às equipes são mais que merecidas”, afirmou a coordenadora da ONHB, Cristina Meneguello, que ressalta que a experiência com a escola Pe. Chico mostrou a necessidade de investir e avançar no que diz respeito à acessibilidade.
Para Daniel, professor de história da escola, a participação na ONHB promove segurança e oportunidade a estes estudantes como a qualquer outro aluno. “Como uma escola inclusiva, nossos alunos sempre têm que superar desafios. E o que eu mais percebo é o engajamento deles, a vontade de continuar estudando e ter contato com coisas que normalmente não teriam, seja pela condição social delicada ou pela própria exclusão que sofrem na sociedade. Fornecer aos nossos alunos a possibilidade de participar de algo grande, como a Olimpíada, é muito importante para eles”, conta o professor. “Ficamos estremamente felizes com a visita das coordenadoras da ONHB e com esse reconhecimento”, acrescentou.
Kimberlly Santos Pereira, de 13 anos e aluna do 9º ano, conta que a experiência de participar da ONHB permitiu acesso a conhecimentos inéditos. “Eu gostei muito, foi uma experiencia nova, pois aprendi muito sobre História do Brasil e coisas que nunca tinha ouvido falar. Nossa equipe foi bem unida e todos se ajudaram”, conta.
O Instituto conta hoje com 132 alunos, sendo que 70% deles têm algum tipo de deficiência. Para a coordenadora pedagógica do instituto, Ana Maria Diniz Rosalini, a participação na ONHB promoveu o fortalecimento deles como cidadãos. “Não só os alunos com deficiência, mas todos precisam ser estimulados a participar do processo de construção da própria cidadania. Atividades como a Olimpíada de História fazem com que eles se apropriem da própria participação na sociedade”, concluiu.
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